terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Fantasma do natal passado


Em minha metafísica do amor, ditei as características subjetivas do amor, somente no tocante ao plano de fundo das relações, que é a manutenção da espécie. Contudo, falar de amor no tocante a metafísica dogmática do senso comum, é algo muito complicado, cada pessoa tem sua própria interpretação empírica de tal sentimento, portanto, aqui pretendo falar sobre o leque de resultados que cada ação pode desencadear.
O texto carrega o titulo de “O fantasma do natal passado” por ter sido gerado em minha mente devido a um acontecimento recente, ressurge de seu túmulo aquela que a muito se sepultou em sua morada, em meu coração, o tal fantasma-assassino ressurge trazendo consigo minhas dúvidas acerca das muitas pontas que ficaram soltas no passado. Contudo, não pretendo invocar os poderes de Khronos ou de Kairós para que o passado ressurja, trazendo assim vida aquela que a muito suicidou-se em minha alma, não que eu não pense às vezes sobre os muitos caminhos que poderia eu ter seguido se tivesse continuado com a relação.
Não se trata de saudades, trata-se de uma profunda admiração quanto à lei de causa e efeito, é incrível o quanto que pequenos detalhes, pequenas palavras, pequenos atos, tem o poder de mudar, por completo, nossas vidas. Fico a lembrar do conselho dos antigos, das palavras da bíblia, e dos adágios populares que abordam o tema, dizendo: Se colhe aquilo que se planta. Se pensarmos de forma não superficial poderemos observar que o principio básico do caos é uma lei absoluta da ordem, o chamado efeito borboleta está, de fato, presente em todos os momentos de nossas vidas, posso parecer simplista ao falar sobre o valor das pequenas coisas, dos pequenos atos, todavia, seria tolo se ignorasse tal verdade.
Se uma só palavra não tivesse sido dita, não estaria eu aqui escrevendo tais palavras, cada ação gera uma reação contrária e de igual intensidade. Poucos notam a importância dessa afirmativa newtoniana, e menos ainda ligam tal afirmação a situações não pertencentes a física-matemática. Um simples gesto, olhar, sorriso, pode gerar o nascimento ou a morte de alguém. Se ignorarmos a idéia da predestinação por via do tecer do tapete das oiras, poderíamos afirmar sem medo que as ações humanas controlam a dos deuses, o homem é seu próprio Zeus e seu próprio Hades, decidindo inconscientemente sobre quando Tanátos e Eros agirão, e mesmo não podendo decidir diretamente sobre o destino do macrocosmo, este o afeta de forma indireta.
E se o suicídio daquela que hoje ressurge não tivesse acontecido? Quem seria eu hoje? Onde estaria? Com quem? Talvez fosse um estudante de direito assim como ela, ou talvez eu fosse um camponês desiludido entregue às concupiscências ou ainda um ludibriado entorpecido pela idéia de moral vigente, talvez eu fosse alguém melhor, ou talvez eu já não fosse um alguém (acaso o Ser pudesse transformar-se em não-Ser), porém não posso saber ao certo, não há como ter certezas quanto a isso, tudo o que se sabe é que cada porta que entramos no leva a caminhos diferentes que mesmo se entrelaçando em alguns pontos, nos levam a fins extremamente distintos.